quarta-feira, 28 de abril de 2010

NONA BEM-AVENTURANÇA

Mediante às últimas e tristes notícias vinculadas na mídia sobre horríveis situações dentro de nossa Amada Igreja gostaria de partilhar com vocês essa intrigante reflexão.

NONA BEM-AVENTURANÇA

Por: JOÃO CÉSAR DAS NEVES

Um dos fenómenos mais espantosos da história da humanidade é o ataque à Igreja. Esse processo, tão aceso estes dias, é sempre muito curioso.Primeiro pela duração e persistência. Há 2000 anos que os discípulosde Cristo são perseguidos, como o próprio Jesus profetizou. E cadaataque, uma vez começado, permanece. A Igreja é a única instituição aque se assacam responsabilidades pelo acontecido há 100, 500 ou 1500anos. Os cristãos atuais são criticados pela Inquisição do séculoXVII, missionação ultramarina desde o século XV, cruzadas dos séculosXI-XIII, até pela política do século V (no recente filme Ágora, deAlejandro Amenábar, 2009).Depois, como notou G. K. Chesterton em 1908, o cristianismo foiatacado "por todos os lados e com todos os argumentos , por mais queesses argumentos se opusessem entre si" (Orthodoxy, c. VI). Vemoscriticar a Igreja por ser tímida e sanguinária, pessimista e ingénua,laxista e fanática, ascética e luxuosa, contra o sexo e a favor daprocriação, etc. Mas o mais espantoso é que os ataques conseguemconvencer-nos daquilo que é o oposto da evidência mais esmagadora.Os iluministas provaram-nos que a religião cristã é a principalinimiga da ciência; supersticiosa, obscurantista, persecutória doestudo e investigação rigorosos. A evidência histórica mostra oinverso. A dívida intelectual da humanidade à Igreja é enorme. Devemos a multidões de monges copistas a preservação da sabedoria clássica. Quase tudo o que sabemos da Antiguidade pagã veio dos mosteiros. Foi a Igreja que criou as primeiras universidades e o debate académico moderno. Eram cristãos devotos os grandes pioneiros da ciência, como Kepler, Pascal, Newton, Leibniz, Bayes, Euler, Cauchy, Mendel, Pasteur, etc. Até o caso de Galileu, sempre citado e distorcido,mostra o oposto do que dizem.Depois, os jacobinos asseguraram-nos que a Igreja é culpada deterríveis perseguições religiosas, étnicas e sociais, destruiçãocultural de múltiplos povos, amiga de fogueiras e câmaras de tortura,chacinas, saques e genocídios. No entanto, a evidência de 2000 anos dehistória real de cristãos concretos é de caridade, mediação,pacifismo. Tudo o que o nosso tempo sabe de direitos humanos,diplomacia, cooperação e tolerância foi bebê-lo a autores cristãos.A seguir, os marxistas vieram atacar a Igreja por ser contra osproletários e a favor dos ricos. Quando é evidente o cuidadopermanente, multissecular e pluricultural dos cristãos pelos pobres einfelizes, e as maravilhas sociais da solidariedade católica no apoioaos desfavorecidos.Vivemos hoje talvez o caso mais aberrante: a Igreja é condenada por...pedofilia. A queixa é de desregramento sexual, deboche, perversão. Mas a evidência histórica mostra que nenhuma outra entidade fez mais pelo equilíbrio da sexualidade e a moralização da vida pessoal dahumanidade. Mais uma vez, o ataque nasce do oposto da verdade.Serão as acusações contra a Igreja falsas? Elas partem sempre de umnúcleo verdadeiro. Houve cristãos obscurantistas, persecutórios,cruéis, injustos, luxuosos, como hoje há padres pedófilos. Aliás, em2000 anos de história, e agora com mais de mil milhões de fiéis, temde haver de tudo. A distorção está na generalização ao todo de casosparticulares aberrantes. Não sendo tão má quanto o mito, a Inquisiçãofoi péssima. Mas a Inquisição não representa a Igreja e a própriaIgreja da época a condenou. Os críticos nunca combatem os erros,sempre a instituição. Hoje não se ataca a pedofilia na Igreja, mas aIgreja pedófila.A razão do paradoxo é clara. Cada época projeta na Igreja os seuspróprios fantasmas. Ninguém atropelou mais o rigor científico que osiluministas. Ninguém foi mais sangrento que os jacobinos. Ninguémgerou maior pobreza que os marxistas. Ninguém tem mais desregramento sexual que o nosso tempo.O ataque à Igreja é uma constante histórica.
A História muda. A Igreja permanece.
Porque ela é Cristo.
Dela é a nona bem-aventurança:
"Bem-aventurados sereis quando vos insultarem e perseguirem" (Mt 5,11).

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